segunda-feira, novembro 13, 2006

Factores de que depende a velocidade da raquete

Há vários factores que contribuem para um aumento da velocidade da raquete e para a velocidade da bola segundo Cross (2001):
- Uso da energia elástica;
- Aumento do percurso de aceleração da raquete para a bola;
- Coordenação entre todos os elos da cadeia cinética;
- Conjugação entre momento angular e momento linear;
- Força muscular nas suas diversas variantes (máxima, rápida e reactiva);
- Peso da bola;
- Composição da raquete;

O aumento da velocidade de bola conseguido através da potenciação do ciclo muscular alongamento-encurtamento deve-se fundamentalmente a dois factores:
- A recuperação da energia elástica armazenada (Wilson et al., 1991);
- Um estado mais elevado de activação muscular no início da contracção concêntrica, precedida de uma contracção excêntrica (Walshe et al., 1998).
Sabemos também que quanto maior o intervalo entre a fase excêntrica e concêntrica, maior a perda de energia elástica. (Elliott et al., 1999). Por essa razão há um tempo optimal que deve ser respeitado entre a fase de balanço e a fase principal de uma determinada acção articular de modo a retirar o máximo de rendimento da mesma. Esse rendimento pode andar entre os 10 e os 20 % na velocidade final da bola (Elliott et al., 1999).

Durante a fase de backswing ou fase de balanço de um movimento de serviço, os músculos responsáveis pela rotação interna do braço, ajudam a travar a rotação externa, o que potencia a aceleração de um dos movimentos mais importantes no desenvolvimento da velocidade da raquete num serviço em potência (chapado) (Elliott et al., 1995) se as capacidades elásticas do músculo forem respeitadas.
Kraemer et al. (2000) verificaram que um programa específico de trabalho da força em tenistas pode aumentar a velocidade da raquete no instante de impacto com a bola.
Considerando que a contracção excêntrica é de grande importância para a potenciação do movimento, é de vital importância que a flexibilidade esteja a par do treino da força. Os objectivos do trabalho da flexibilidade no ténis são os seguintes:
- Optimizar as capacidades elásticas do músculo;
- Criar amplitudes adequadas de movimento em articulações específicas;
- Melhorar a coordenação intramuscular. (Grosser & Schonborn, 2001)
Outra característica de sucesso referenciada por atletas e treinadores é o peso da bola. A combinação da velocidade de bola com a quantidade de topspin que ela leva produz o que é chamado de “peso na bola” (Crespo & Reid, 2003).
O aumento do percurso de aceleração da raquete é também de vital importância para o incremento da velocidade. Reid e Elliott (2002) verificaram que os jogadores de alto rendimento têm um percurso de aceleração da raquete de aproximadamente 225 graus ao contrário do que se pensava – 180 graus.

A composição da raquete também influência a velocidade final do movimento. Alterações no material causaram uma revolução no design dos materiais ao longo dos últimos 30 anos, e sem dúvida contribuíram para uma mudança no estilo de jogo. Houveram diversas alterações à estrutura das raquetes, de modo que neste momento as raquetes são mais leves e mais resistentes do que as raquetes existentes há 5 anos, e muito mais do que as antigas raquetes de madeira.

Há diversos factores na composição da raquete que podem influenciar o movimento e consequentemente a velocidade da cabeça da raquete no impacto:
- Comprimento – Afecta a facilidade com que um atleta executa um balanceamento. Raquetes mais compridas apresentam um momento de inércia mais elevado devido ao facto do seu centro de massa estar mais longe do ponto de aplicação da força. Mitchell et al. (2000) mostraram que o momento de inércia é inversamente proporcional à velocidade do movimento.
- Massa – A massa total da raquete afecta a maneabilidade global da mesma.
- Dimensão da cabeça da raquete (área de batimento) – Esta normalmente afecta a dimensão do Sweetspot. Quanto maior a área da cabeça da raquete, maior a área em que a raquete pode entrar em contacto com a bola com menor sensação de vibração.
- Falta de Elasticidade (stifness) – Quanto mais deformável é uma raquete, menos vibração provoca, diminuindo a velocidade de saída da bola. Uma raquete que se deforma menos quando entra em contacto com a bola perde menos energia na deformação, sendo essa energia transferida para a bola aumentando a velocidade da mesma (Miller & Cross, 2003).
- Distribuição da massa – Se a massa estiver mais na parte final da raquete, será mais difícil de executar o movimento, mas gerará uma maior velocidade de bola (Brody, 2002), tendo como consequência alguma perda de controlo.


César Coutinho
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