quinta-feira, outubro 19, 2006

MINI-TÉNIS - ETAPA DECISIVA NA FORMAÇÃO DO JOVEM TENISTA (PARTE I)

É importante, para qualquer treinador que trabalhe com jovens, estar informado relativamente às mudanças físicas, emocionais e cognitivas que ocorrem ao longo das diferentes etapas de desenvolvimento (pré-puberdade, puberdade e pós-puberdade), e estruturar o ensino/treino para que este se adapte às necessidades de cada etapa de formação (Bompa, 2005).

Não podemos treinar crianças como se estas fossem adultos em miniatura. Não é a criança que se tem de adaptar a um jogo que foi pensado para adultos. Devemos ter a capacidade de o adaptar às suas necessidades.

O mini-ténis é, na sua essência, a adaptação do contexto de aprendizagem ás necessidades e características dos jovens que iniciam a prática da modalidade. Por adaptação do contexto de aprendizagem, entende-se, o ténis jogado em campo reduzido, com uma rede mais baixa, uma bola mais lenta e uma raquete mais pequena.

Neste artigo vamos procurar caracterizar o mini-ténis, enquanto etapa de formação do jovem tenista.


1. A quem se destina?
É especialmente vocacionado para os jogadores mais jovens, embora seja adequado a diversos níveis de jogo e a todas as idades, como forma de diversão e para facilitar a aprendizagem dos gestos técnicos e noções tácticas.


2. Quais as vantagens?
- Faz do ténis um desporto mais fácil e divertido;
- Motiva os alunos e fideliza-os à modalidade;
- Ajuda à promoção da modalidade (pode ser facilmente praticado na rua, nas escolas, etc.);
- Permite detectar, desde cedo, jovens talentos;
- Facilita a aprendizagem técnico-táctica;
- Permite colocar mais alunos por campo, rentabilizando o espaço.


3. Objectivos
- Motivar os alunos para o ténis;
- Promover o divertimento;
- Desenvolver os pressupostos técnicos essenciais;
- “Ensinar a jogar” (táctica).


4. Contexto de aprendizagem
- Campo reduzido e rede mais baixa: o tamanho do campo e a altura da rede devem ser definidos em função das capacidades dos alunos e dos objectivos pretendidos (tentar adaptar a potencia dos gestos técnicos às habilidades coordenativas e aos níveis de força dos alunos);
- Bola “soft”: o menor ressalto e velocidade da bola permite aos alunos um maior sucesso na execução das tarefas;
- Raquete pequena: a menor distancia entre a mão e o ponto de impacto da raquete na bola facilita a execução.


5. Metodologia de ensino
Ensino direccionado para a tarefa. Privilegiar o método de ensino global e os exercícios “abertos”, através de situações de jogo com oposição.


6. O treino técnico-táctico
- Nesta etapa devem reduzir-se ao máximo os exercícios específicos relacionados com o desenvolvimento da técnica;
- Tentar desenvolver os pressupostos técnicos essenciais (rotação do tronco, ponto de impacto, equilíbrio, jogo de pés básico) para os alunos terem sucesso nas tarefas propostas;
- A técnica deve ser encarada como um meio para… e não como um fim.
- Procurar utilizar o método global para aprendizagem técnica.
- Procurar introduzir todos os gestos técnicos básicos (serviço, direita, esquerda, volei e smash);
- Utilizar predominantemente exercícios “abertos” que obriguem os alunos a tomar decisões;
- Introduzir gradualmente as cinco situações de jogo do ténis: serviço, resposta ao serviço, dois jogadores ao fundo, jogador ao fundo e adversário na rede e jogador na rede e adversário ao fundo;
- Introduzir as noções de jogo neutro, ataque, defesa e contra-ataque;
- Procurar explorar os espaços vazios, dominando o campo lateralmente e em profundidade;
- Desenvolver distancia, direcção, altura e velocidade da bola;
- Desenvolver a percepção e antecipação.


Pedro Felner
e-mail: pfelner@hotmail.com
Tel: (+351) 919371824