A Lateralidade
É normal em qualquer jogador querer ver a bola com o olho dominante. Esse olho vai estar relacionado com a sua posição para bater a bola, e irá consequentemente afectar a sua biomecânica gestual em todos os batimentos. Se tomarmos como exemplo dois jogadores dextros com olhos directores distintos, aquele que tiver o olho director direito, terá sempre uma posição mais frontal para realizar o batimento de direita e de serviço (por exemplo) do que aquele que tiver como olho director o esquerdo, como pode ser visto nas figuras em baixo apresentadas.
Isso fará com que o primeiro tenha um percurso de aceleração da raquete inferior nestes batimentos específicos, perdendo assim alguma velocidade da cabeça da raquete no instante de impacto. Por outro lado, o jogador com o olho direito dominante terá maior tendência em bater a bola em posição aberta (open stance) ou semi-aberta. Este tipo de raciocínio acontece em relação a todos os batimentos. O mesmo jogador que terá uma posição mais aberta de direita, terá tendência a ter uma posição mais fechada de esquerda, ganhando assim mais amplitude no movimento do lado contrário.
Quando falamos de lateralidade não falamos apenas dos olhos. Todo o nosso corpo tem um lado dominante que não é necessariamente o mesmo. Quem já fez algum desporto que envolva uma prancha, tal como snowboard, surf, wakeboard ou skate, sabe que temos um pé que nos dá mais jeito ter à frente. Essa é a nossa perna dominante. Isso acontece também para as nossas ancas (geralmente a mesma da nossa perna), e para o nosso ombro. Todos estes factores não são obrigatoriamente do mesmo lado. A conjugação dos mesmo provoca diferenças biomecânicas nas estratégias para gerar potência, e se queremos tirar o máximo das potencialidades de um atleta, devemos levar estes aspectos em consideração. Como sabemos, a perna e ancas mais importantes na geração de potência num movimento de direita em semi-open ou open stance, é a perna do lado da raquete. Se esta não for a dominante no atleta, a ligação entre membros inferiores e superiores nunca será das melhores naquele tipo de movimento. Se estivermos a trabalhar com um miúdo em fase precoce de desenvolvimento, então poderemos ainda tentar desenvolver as capacidades necessárias na perna mais fraca, ao passo que se tivermos a trabalhar com um júnior último ano ou sénior de alto rendimento, o melhor será optimizarmos as características dele, de modo a retirar o máximo de rendimento das mesmas.
A conjugação entre olho dominante e braço dominante faz alterar as características psicológicas do atleta relacionadas com a sua personalidade. Geralmente quando ambos stão do mesmo lado, a pessoa em causa tem tendência para ter uma visão melhor de objectivos a longo prazo, ao passo que alguém que seja cruzado, ou seja, o olho dominante está do lado contrário do braço dominante, tem tendência a ser mais criativo, mas tem dificuldade em encarar objectivos a longo prazo.
César Coutinho
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