domingo, fevereiro 25, 2007

Competição Internacional nos Escalões de Sub 12 e Sub 14



A necessidade de se competir internacionalmente nos escalões de Sub 12 e Sub 14 e as vantagens que podem estar associadas à participação regular em provas internacionais nestas idades, continua a ser um tema polémico. Estamos convictos de que existem muitas vantagens, umas relacionadas directamente com o processo de formação do jovem jogador, outras relacionadas com a valorização das competências dos treinadores, influenciando positivamente o trabalho que este desenvolve com os atletas.

Neste artigo pretendemos abordar algumas das vantagens de se competir internacionalmente nestas idades e alguns dos cuidados a ter na escolha de um programa internacional.

Vantagens da competição internacional:

- Desmistificar a competição internacional e habituar os nossos jovens atletas a competir, desde cedo, contra jogadores estrangeiros;

- Motivar os jovens para uma carreira internacional;

- Desenvolver nos jovens a capacidade de estar em viagem e fora de casa durante vários dias ou semanas;

- Passar pela experiência de ser um “jogador profissional”, estando 100% do seu dia orientado para treinar e competir;

- É um momento privilegiado para o treinador passar mensagens importantes relacionadas com o tempo de repouso, a alimentação, a higiene, as rotinas;

- Dar experiência aos nossos treinadores e dar-lhes a possibilidade de trocarem experiências, conhecimentos e contactos;

- Dar a possibilidade aos treinadores de verem o que de melhor se faz a nível internacional;

- Dar a possibilidade de aferir o nível internacional dos nossos jogadores, guiando o nosso trabalho por padrões de exigência internacionais (e não estarmos preocupados, como acontece frequentemente, em que o nosso jogador ganhe ao jogador do clube vizinho).


Queríamos também realçar a importância que um correcto enquadramento técnico pode ter na valorização deste tipo de experiências. O treinador deve ter a preocupação de potenciar ao máximo o tempo e o dinheiro investido nestas provas. Estas são momentos de excelência para trabalhar com os atletas, devido aos elevados níveis de motivação que proporcionam.

No seguimento daquilo que defendemos anteriormente, achamos pouco conveniente que os jovens jogadores sejam acompanhados para este tipo de provas pelos pais ou por qualquer outro tipo de enquadramento não profissional.

Apesar de defendermos as experiências internacionais, devemos ter a preocupação, e muitas vezes o bom-senso, de perceber de que forma estas se adequam àquilo que os jogadores necessitam:

- Adequar a competição ao nível do jogador. Jogar provas internacionais, só por si, não chega. É necessário disputar jogos equilibrados e também vencer! Caso isto não aconteça poderemos estar a destruir a auto-estima do jogador e a passar-lhe uma mensagem desadequada (quando joga “internacionalmente” raramente ganha).

- Adequar o plano internacional às necessidades de desenvolvimento do jogador. O jogador deve competir mas também deve ter tempo para treinar, aprender e desenvolver o seu jogo, sem estar pressionado por competições ou resultados.

- Adequar o plano internacional às oportunidades que o jogador poderá ter em Portugal. Existem jogadores com mais necessidade do que outros de competir internacionalmente, devido à falta de quadro competitivo adequado em Portugal.

- Na construção do programa competitivo ter em atenção a relação custo-beneficio, escolhendo as provas de forma criteriosa. Ter em atenção alguns factores importantes: se existem campos de treino disponíveis, se existe prova de consolação, que despesas são pagas pela organização, etc.

- Ver a competição internacional como uma forma de melhorar o desempenho do jogador e de avaliar o trabalho que se está a desenvolver, retirando informações para o processo de treino/formação.

Em breve iremos abordar, num novo artigo, alguns dos procedimentos que o treinador deve adoptar quando viaja com jovens jogadores.


Pedro Felner
Email: pfelner@hotmail.com